domingo, 7 de junho de 2015

Paz para quem?

Estudantes  de Artes da UERJ sofrem  agressões durante uma intervenção.

Na última quarta-feira, dia 3/06 , a Universidade do Estado do Rio de Janeiro vivenciou mais um momento de agressividade. O grupo “Somos todos UERJ” organizou um “abraço de paz” ao prédio principal da universidade,  em que membros da comunidade acadêmica bradavam o hino nacional e palavras de ordem como “A UERJ é nossa”. A paz que pregavam, entretanto, mostrou-se questionável quando  membros do Instituto de Artes realizaram uma intervenção artística e foram recebidos com violência. Priorizando o choque visual,  estudantes caminharam até o local do abraço, mudos, apenas com roupas  íntimas pretas e sujos de tinta vermelha.


Ainda que o primeiro grupo estivesse de branco, e com faixas escritas “Liberdade e Democracia”, integrantes promoveram gritos imperiosos, que mandavam os alunos que realizavam a performance estudarem, além de chamá-los de criminosos e vagabundos.  “Eles pediam paz mas a violência estava lá, naqueles gritos. Até tentaram nos tacar objetos, em alguns momentos”,  afirmou um dos participantes.  Os entrevistados, que preferiram não se identificar - com medo do clima repressivo - chamaram o abraço de hipócrita, e afirmaram que a violência vem do reitor Ricardo Vieiralves, do governo do Estado e de quem apóia suas ações na universidade.

“Chegando lá, nos abraçamos no chão, com faixas pretas na boca. Não tiveram palavras. A boca vedada significou a voz que tiram de nós  ” - conta uma das idealizadoras da intervenção -  “O abraço representa o quanto nós, estudantes, estamos unidos pela resistência do movimento estudantil e contra a truculência da Reitoria e do Estado. As poucas roupas pretas representavam nosso luto, depois da repressão que sofremos (se referindo à fatídica noite do dia 28/05) e a tinta vermelha representava o sangue . Além disso, a seminudez demonstrou o quanto nos sentimos desprotegidos e expostos.”

A repercussão midiática foi - sem surpreender - negativa : o principal veículo de imprensa do Rio divulgou o ocorrido, equivocadamente, como um ato do MEPR,  movimento  injustamente incriminado  e perseguido. Centralizar a mobilização de estudantes da UERJ em uma única corrente parece estratégico: minimiza a pluralidade de pessoas insatisfeitas com o sucateamento da educação pública , fazendo com que pareça- aos olhos do público - um pequeno grupo de “vândalos”. Assim sendo, a principal pauta dos militantes hoje é a não criminalização de discentes e a democracia universitária.

No dia 28 de maio, seguranças da UERJ receberam ordens para agredir e  impedir a entrada de alunos e pessoas que residem no entorno da universidade, e que protestavam contra as remoções na favela do Metrô- Mangueira. Além de ficarem encurraladas pelos jatos d’água que vinham do interior do prédio e pela Tropa de Choque da Polícia Militar nos portões, essas pessoas estão sendo altamente incriminadas e , algumas, indiciadas. Apesar das atitudes cada vez mais autoritárias e inadmissivelmente repressoras por parte da administração da faculdade pública,o movimento estudantil na UERJ está crescente e se expressando de muitas formas,como explica a estudante entrevistada:  “Somos independentes, mas nos alinhamos com todo o movimento estudantil da UERJ. Não concordamos com a criminalização de nenhum movimento, porque temos direito  sobre nossas reivindicações, que são ignoradas. Não  dialogam conosco. Estamos juntos com qualquer corrente, Centro Acadêmico, estudantes independentes e organizações que lutem pela melhora da nossa Universidade. “





Matéria: Cacos UERJ - Gestão IntegraCacos
Fotos: Luciana Andrade

domingo, 31 de maio de 2015

Prefeitura desrespeita moradores e manda derrubar casas na Favela do Metrô-Mangueira

O Cacos também esteve presente na Favela do Metrô-Mangueira e conversamos com algumas pessoas sobre a remoção. Nosso objetivo é trazer ao público os discursos que não são mostrados e histórias que não são narradas, fatos que a mídia hegemônica não nos traz. Nossa visão é de quem estava dentro do acontecimento, do lado das pessoas que foram afetadas por essa agressão do Estado. Visamos a contra-informação, o que não é dito.